Páginas

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O status do tempo

"Eu não tenho tempo". Quantas vezes no mesmo dia escutamos essa expressão? Seja rico ou pobre; negro ou branco; homo ou hetero; político ou médico; pedreiro ou marceneiro. Ninguém tem tempo pra nada!!! Falta tempo pra dormir, pra relaxar, pra namorar, pra fazer exercício, pra ler um livro, assistir um filme, pra encher a cara, e, pasmem, até pra estudar.
 Todo mundo é ocupado demais, tem uma vida corrida demais. Mas será que somos todos ocupados assim? Ou será que simplesmente não organizamos nosso tempo? Ou ainda: será que essa falta de tempo não é uma criação de nossa própria cabeça? Me sentir ocupado para me tornar ocupado. É como se fosse um complexo. O complexo da ocupação. Se você tem (ou aparenta ter) muitas tarefas, não será tido como desocupado. E se você não é (ou não aparenta ser) desocupado, é uma pessoa que tem objetivos na vida, além de um futuro promissor à sua espera. E afinal, quem não gosta de ser visto como uma pessoa bem sucedida? Em suma: dizer que não tem tempo para alguma atividade nos coloca na posição de vítimas do sistema. Na posição de pessoas que vivem numa turbulência tão grande que não têm tempo de desfrutar a vida. Entretanto, a dura verdade é que a "falta de tempo" é uma desculpa socialmente aceitável (ao contrário da preguiça, do desinteresse, da má-vontade e da desorganização) e, por isso, costumeiramente utilizada por 99,9% da população brasileira. É apenas mais uma das milhares de mentiras sociais que contamos por aí.
E já que você teve tempo para ler estas linhas, "the time is gone the song is over, thought I'd something more to say":

Um comentário:

  1. É... parecemos esquecer que o tempo é um dos bens mais preciosos que temos e que o desperdiçamos constantemente...

    P.S.: aquele momento da TIME depois de "no one told when to run - you missed the starting gun" em que a guitarra rebenta...

    ResponderExcluir